sábado, 5 de julho de 2008

Cem anos de história japonesa no Brasil

No início do século XX, um acordo entre os governos do Japão e do Brasil, deu início ao processo de imigração japonesa para o Brasil.
A principal razão para a imigração foi uma crise demográfica no país asiático, que com a mecanização da agricultura, saturou as cidades, aumentando a pobreza em conseqüência do alto índice de desemprego. Como por aqui havia uma grande demanda por mão-de-obra rural e o governo italiano havia proibido as imigrações de italianos para o Brasil 1902, o acordo tornou-se favorável para brasileiros e japoneses. Além deste fato, após a Primeira Guerra Mundial, os japoneses tornaram-se persona não grata em vários países do mundo, sendo o Brasil um dos poucos a aceitar imigrantes do Japão.
Outro fator para a imigração japonesa foi o interesse do governo japonês em disseminar a etnia japonesa para outros países do mundo. Assim, em 1908, chega ao Porto de Santos – SP, o Kasato Maru, primeiro navio trazendo imigrantes japoneses para o Brasil com o objetivo de trabalharem nas fazendas cafeeiras do interior do Estado de São Paulo. Mais tarde, os japoneses também desenvolveram o cultivo de morango, chá e arroz no Brasil.
A colônia japonesa do Brasil está dividida em:
isseis (japoneses de primeira geração, nascidos no Japão) 12,51%;
nisseis (filhos de japoneses) 30,85%;
sanseis (netos de japoneses) 41,33%;
yonseis (bisnetos de japoneses) constituem 12,95%

Atualmente, existem no Brasil cerca de 1,5 milhão de japoneses e descendentes, sendo o Estado de São Paulo a principal colônia, com 80% da população. A população de descendência japonesa no Brasil tem característica urbana, sendo que 90% vive em cidades. O bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, é grande representativo da cultura japonesa, embora existam outros focos importantes de presença japonesa nos Estados do Paraná, do Mato Grosso do Sul e do Pará.
As características japonesas mais marcantes no Brasil ficam por cargo da arquitetura e da gastronomia que são bastante singulares. A religião também é uma característica marcante, já que cerca de 40% dos japoneses e descendentes mantém a religião tradicional, budista ou xintoísta.











Casa de chá japonesa da década de 1940, construída no interior de São Paulo.

Quanto ao idioma, os isseis freqüentemente falam apenas o japonês ou dialetos; os nisseis são, geralmente, bilíngües (japonês-português); e, os sanseis e yonseis costumam falar apenas o português.
Embora no Brasil seja muito comum a miscigenação de etnias, no caso dos nipo-brasileiros, essa miscigenação teve uma maior resistência, pois o casamento de japoneses com não-japoneses não era aceito pela maioria dos imigrantes, devido à sua cultura fechada e por não querer manter laços no Brasil. Essa situação, porém, passou a mudar após a década de 1970, quando o fenômeno da miscigenação passou a fazer parte da realidade da colônia japonesa no Brasil, bem como a disseminação da sua cultura.

Você conhece muitos japoneses ou descendentes? Provavelmente você respondeu esta pergunta de forma negativa, não é? Na sua opinião, quais as razões que levaram os japoneses à não estabelecerem colônias no Estado de Santa Catarina?

sábado, 28 de junho de 2008

Japão: atual situação econômica

Atualmente o Japão, assim como inúmeros países do mundo, enfrenta uma difícil situação econômica, devido, principalmente, à crise na economia dos EUA.
Segundo alguns especialistas, a economia japonesa deve apresentar-se instável no ano de 2008, não só pela crise econômica global, mas também devido à alguns fatores internos, como o fato de ser muito dependente de receitas geradas pela exportação e o elevado aumento dos combustíveis e derivados do petróleo (já que o país não possui nenhuma fonte interna deste recurso).

A política financeira japonesa também é um grande empecilho para o crescimento do país, já que interfere no andamento das empresas de construção e de serviços. As taxas de juros, muito baixas (0,5%), acabam tornando o país pouco atrativo ao investimento estrangeiro, tal situação desvaloriza a moeda japonesa, assombrando o país com a ameaça de inflação.
Outro obstáculo é o ímpeto japonês de poupar, desaquecendo o mercado interno e acentuando ainda mais o problema da questão econômica, aumentando o desemprego que atinge, neste período, seu maior nível, chegando a 4,0%.
Tais situações, têm ocasionado especulações sobre a elevação dos juros japoneses no próximo ano, muito embora o Banco Japonês tenha negado um possível aumento.


Os japoneses estão preocupados com a alta taxa de desemprego que assola o país, que gira em torno dos 4%. Como você relacionaria a economia japonesa com a brasileira segundo o índice de desemprego no Brasil que atinge 9,9%?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Japão: características físicas

O Japão é um arquipélago formado por mais de 4000 ilhas. Seu território estende-se por mais de 3.000 quilômetros em uma espécie de arco, desde o nordeste ao sudeste. Quatro de suas principais ilhas, Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku, representam 98% da superfície total. Todo o território do país é de origem vulcânica.
Cerca de 75% do território é montanhoso, resultado de forças orogênicas geologicamente recentes. Muitas das montanhas são vulcânicas, apresentando 265 vulcões, dos quais 10% são ativos. Destaca-se o Monte Fuji com 3.776 metros, o mais alto do Japão, considerado lugar sagrado. Entre as planícies, a única de relevância é a de Kanto, planície de inundação do rio Tone. A característica vulcânica do território japonês, apesar de conferir à paisagem uma grande beleza, cria uma situação de perigo muito conhecida pelos japoneses. A região mais afetada é de Kanto, onde se situa Tóquio.
As costas se estendem por mais de 27.000 quilômetros, sendo constituídas principalmente por terraços rochosos e enseadas. A estrutura do terreno faz com que o Japão tenha rios de pequena extensão, quase sempre torrenciais e de reduzida bacia hidrográfica. Somente oito rios ultrapassam 200km de extensão, destacando-se o Shinano com 396 km de comprimento.
Por estar entre placas tectônicas, apresenta grande incidência de terremotos com alto grau na escala Richter e derramamentos basálticos, que contribuem para o aumento do território japonês.
O Japão apresenta grande diversidade climática devido à sua extensão latitudinal. O clima varia entre tropical e temperado, sujeito à influência das monções (ventos sazonais) e de altitude. Ao sul, por estar mais próximo da Linha do Equador, o clima é ameno. Já a região norte, no inverno, apresenta temperaturas muito baixas. Em geral, a vertente do Pacífico é mais quente e menos enevoada do que a vertente voltada para o continente, devido ao obstáculo interposto pelas cadeias de montanhas aos ventos frios continentais. As precipitações são abundantes durante todas as estações e atingem médias anuais de 1.500mm no norte e até 2.500mm nas regiões a sudoeste.
Atualmente o Japão possui pouca ou quase nenhuma vegetação nativa, pois esta foi substituída por lavouras ou espécies exóticas. As dunas litorâneas são dominadas pelos pinheiros, e os cedros japoneses, alguns com mais de dois mil anos, são encontrados no sul de Kyushu. A paisagem do norte e do leste de Hokkaido é marcada pela presença de coníferas. Mesmo com a grande presença humana, os mamíferos terrestres (ursos, raposas, cervos, antílopes, macacos etc.) são relativamente abundantes nas regiões florestais montanhosas do Japão. As águas japonesas são povoadas por baleias, golfinhos e peixes, como salmão, sardinha e bacalhau. Entre os répteis, encontram-se tartarugas, lagartos e cobras.






Veja só! Um país formado por cerca de 4 mil ilhas, com 75% de seu território montanhoso, praticamente improdutivo, sem grandes riquezas naturais e de extensão territorial insignificante se considerarmos seu tamanho em relação ao Brasil, conseguiu atingir um alto índice de desenvolvimento, figurando entre as principais potencias mundiais.
Por que será que o Brasil, com tantas riquezas ainda não conseguiu chegar a um nível próximo de desenvolvimento?

sábado, 14 de junho de 2008

Desenvolvimento japonês durante a Guerra Fria

A ocupação após a Segunda Guerra Mundial ocorreu até 1951, tendo o objetivo de modernizar o Japão na esfera política, econômica e cultural. Neste ano, foi assinado o Tratado de São Francisco entre estadunidenses e japoneses, que restabeleceu a soberania japonesa, no entanto, sem poderio militar. O imperador japonês Hiroito teve de renunciar publicamente a sua divindade, já que a Constituição de 1946 determinava uma separação entre Estado e Religião. Após este período, o Japão apresentou um crescimento econômico surpreendente, chegando em segundo lugar na economia mundial na década de 80. Para tanto, o investimento dos EUA no Japão foi fundamental, sendo que o país passou a beneficiar-se do capital estadunidense para a recuperação da sua economia. Outro fator fundamental para o acúmulo de capital japonês foi o fornecimento de equipamentos bélicos para as guerras da Coréia (1950- 1953) e do Vietnã (1960- 1975). O objetivo do investimento dos Estados Unidos no Japão era tentar conter a expansão comunista na Ásia. Além destes, outros fatores contribuíram para o “Milagre Japonês”, como: grande disponibilidade de mão-de-obra relativamente qualificada; significativos investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico; reconstrução do território utilizando recursos dos mais modernos. Contudo, no inicio da reconstrução, a mão-de-obra, abundante, não era valorizada, sendo que no final do processo, já com grande produtividade e avanços tecnológicos incorporados ao processo de produção, os salários foram aumentando, garantindo à população um dos mais elevados padrões de vida do mundo.

SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998.


Veja só a competência japonesa! Mesmo após o Japão ter sido destruído durante a Segunda Guerra Mundial, os japoneses conseguiram reconstruir o país e a economia de modo surpreendente. Você acredita que sem a interferência estadunidense os japoneses teriam realizado tal feito?


As transformações japonesas na Era Meiji

A Era Meiji, que significa “governo ilustrado” (termo que faz referência ao Imperador Meiji, representado na imagem ao lado), durou de 1868 a 1912. Durante esse período ocorreu a efetiva industrialização e modernização do Japão. Este processo iniciou-se com o fim do xogunato e a revitalização do império, quando o imperador Mitsuito assume o poder. Entre as medidas modernizantes adotadas pelo Estado, podemos destacar: investimentos em infra-estrutura de transporte, energia e indústrias; significativas aplicações em educação, principalmente àquela voltada para a qualificação de mão-de-obra; abertura à tecnologia e produtos estrangeiros. Também neste período foi outorgada a Constituição de 1889, que instituiu o imperador como chefe sagrado e inviolável do Estado e criou o parlamento, além de manter o xintoísmo como religião oficial do país. Com esta reformulação do Estado japonês, grandes organizações como a Mitsubishi, a Mitsui, a Sumitomo e Yasuda intensificaram seu domínio sobre a economia japonesa. Para isso, passaram a atuar em quase todos os setores industriais, comerciais e financeiros, adquirindo
indústrias menores e fábricas estatais, o que os transformaram em grandes conglomerados. Embora ocorressem grandes investimentos para a modernização do país, o Japão enfrentava sérios problemas estruturais: escassez crônica de matérias-primas e energia e um pequeno mercado interno. Com o intuito de superar tais problemas, o império japonês buscou anexar territórios na Ásia e no Pacífico, investindo fortemente em armamento militar. Em 1895, com a vitória na Guerra Sino-Japonesa, ocupou Taiwan, em 1905, as Ilhas Sacolinas e, em 1910 a Coréia, ainda na Era Meiji. Mais tarde, em 1931, ocupou a Manchúria, pertencente à China. No ano de 1937, o Japão marca sua maior fase de expansão territorial, que perdura até a Segunda Guerra Mundial, quando ocorre a quase destruição do Japão após ter perdido a guerra.

SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998.


Mas, você deve estar se perguntando: “O que eu tenho com isso?”, não está?Pois bem... Você já parou para pensar em quantos produtos com tecnologia japonesa você utiliza em seu dia-a-dia? Nós acreditamos que, se talvez não houvesse ocorrido a abertura do Japão e o investimento em tecnologia na Era Meiji você poderia não estar desfrutando de tanta comodidade. E você, o que acha disso?